Tudo aquilo que habita em livros e outros tantos escritos tem um quê de perenidade capaz de surpreender e arrebatar até mesmo os seres mais desavisados. A despeito disso, há quem acredite que essa noção de permanência está associada a certa falta de novidade presente no mundo. No entanto, há de ser uma sublime virtude o fato de crermos no poder transformador daquilo que já existe bem de frente aos nossos narizes. A máxima “nada se cria, nada se perde, tudo se transforma” nem de longe representa qualquer sinal de indolência dos nossos espíritos criadores. Ela é, antes de tudo, o endosso de que somos movidos pelo constante desafio de nos mantermos bem vivos face aos signos do tempo. Por tudo isso, é deveras fabuloso se perceber quão pertinente e atemporal pode ser o significado da arte. Reafirmando essa magnífica qualidade, a Leva de agora rende um singelo tributo a Machado de Assis, escritor capaz de dialogar mais do que nunca com nossas mais íntimas e complexas questões. Os valiosos e sólidos impulsos machadianos por aqui aparecem nas linhas arrebatadoras do conto de Nilto Maciel. Noutro momento, o texto de Marcos Pasche reverbera o tênue fio que atravessa a essência da obra daquele agigantado literata. Nessa roda-viva de imagens líricas, estão os versos de Lucia Fonseca,Paula Cajaty, Eric Ponty, Wilton Cardoso, Mariana Botelho, Anne Ventura eWesley Peres. Um tempo da delicadeza paira sobre as nossas construções amorosas no texto de Maurício Pinheiro. Em nossa pequena sabatina com o escritor Carlos Trigueiro, exalada está a busca pelos sentidos espantados de nós mesmos. Algum sentimento onírico e profético ronda a coexistência de homens e mulheres na prosa de Daniela dos Santos. O historiador Bolívar Landi desvela seus olhares no terreno multifacetado da sétima arte. As lentes do fotógrafo Luís Américo Bonfimconjugam signos feitos de silêncio, sombras e vazio que habitam nossas paisagens urbanas. Outra aurora cultural se anuncia. A Vigésima Sétima Leva oferta seus caminhos.
Fonte: http://diversos-afins.blogspot.com/2008_11_01_archive.html